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Ações da Localiza e Movida caem após comunicado do governo –

O mercado de carros no Brasil está prestes a passar por mudanças que podem afetar tanto montadoras quanto empresas de aluguel de veículos. Recentemente, investidores ficam preocupados com possíveis decisões do governo, o que impactou bastante as ações da Localiza e Movida na Bolsa.

O governo está prestes a lançar o IPI Verde e o programa Carro Sustentável. Essas novas regras podem influenciar o mercado de seminovos, que é muito importante para as locadoras. A venda de carros usados é uma das principais fontes de lucro dessas empresas.

Mesmo com possíveis benefícios futuros, especialistas alertam que o efeito imediato pode ser negativo. Com isso, os investidores tentam entender as reais consequências para empresas como Localiza e Movida.

Programa Carro Sustentável pode afetar todo o setor automotivo

O governo vai anunciar em breve o IPI Verde, que visa diminuir impostos para carros menos poluentes. A intenção é ajudar na renovação da frota de veículos no Brasil, trazendo modelos mais modernos e sustentáveis.

Além disso, o programa Carro Sustentável pretende reduzir impostos para carros mais baratos produzidos no Brasil que atendam critérios que ainda não foram totalmente definidos. Essa redução nos preços dos carros novos é boa para os consumidores, mas pode complicar a situação das locadoras.

Para empresas como Localiza e Movida, a preocupação é legítima. Se os preços dos carros novos caírem, os seminovos também devem perder valor. Isso impacta o negócio de revenda, que é fundamental para o faturamento dessas companhias.

Por enquanto, não se sabe qual será a redução do IPI e quais modelos serão beneficiados. Essa falta de informação deixa o mercado ansioso e gera incertezas nas ações do setor.

Queda acentuada nas ações revela preocupação com desvalorização de frotas

Na última quinta-feira, as ações da Localiza caíram 7,28%, sendo o pior desempenho do Ibovespa. As ações da Movida desvalorizaram quase 14%, liderando as perdas do índice Small Caps. O principal motivo é o medo de que o novo programa do governo cause uma queda nos preços das frota das locadoras.

Experiências anteriores mostram que reduções do IPI podem afetar negativamente o setor. Em 2008 e 2012, a Localiza teve que registrar perdas contábeis devido à desvalorização de ativos, impactando diretamente seus lucros.

Em 2023, a Localiza também notou redução no valor de sua frota, que caiu entre 1,3% e 1,5%. Carros usados com 1 a 3 anos passaram a desvalorizar a 0,8% ao mês, superando a média histórica de 0,3% a 0,5%. Isso mostra que mudanças nas políticas públicas afetam severamente o setor.

Analistas temem que essa desvalorização ocorra novamente. Se os preços dos carros novos caírem, a pressão para diminuir os preços dos seminovos será inevitável, o que pode levar a revisões nas avaliações e comprometer os resultados futuros das empresas.

Impactos podem variar entre Localiza e Movida

Apesar de atuarem no mesmo segmento, Localiza e Movida podem sentir os efeitos de forma diferente. Especialistas afirmam que cerca de metade da receita das locadoras vem da venda de usados, o que as torna vulneráveis a variações nesse mercado.

A Localiza está com seu estoque avaliado em cerca de 44 bilhões de reais, um valor muito próximo ao seu valor de mercado, que estava em torno de 47 bilhões. Já a Movida tem um cenário mais delicado, com estoque avaliado em 8 bilhões e valor de mercado em torno de 3 bilhões. Assim, cada queda de 1% no preço dos veículos resulta em uma perda de 1% no valor de mercado da Localiza e em 3% na Movida.

Embora as locadoras possam se beneficiar comprando novos modelos mais baratos, o impacto negativo imediato na depreciação dos seminovos pode ser maior do que qualquer vantagem futura.

Isso pode exigir das empresas uma reavaliação em sua estratégia de renovação de frota e investimentos nos próximos anos. Além disso, há incertezas políticas sobre a implementação do novo programa. Cortes de impostos normalmente são aprovados com facilidade, mas o cenário político atual pode atrasar ou limitar essas medidas.

Enquanto isso, o mercado de seminovos teve uma valorização acumulada de apenas 4% no ano, muito menos do que o aumento nos preços dos novos. Isso sugere que, embora existam preocupações, os efeitos talvez não sejam tão severos quanto se imagina, mas ainda representam um risco real para as locadoras.

Redação STE

Conteúdo editorial desenvolvido pela equipe do STE em colaboração com parceiros especializados.

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