China lança carro elétrico acessível no Brasil –

Imagine um navio gigante, do tamanho de 20 campos de futebol cheios de carros, cruzando oceanos até chegar ao Brasil. Essa cena impressionante aconteceu no porto de Itajaí, em Santa Catarina, no mês passado.
Esse navio é o maior transportador de veículos do mundo, e sua chegada atraiu muitos olhares curiosos. No entanto, muito além da tecnologia, a embarcação trouxe à tona um tema importante: o aumento das importações de carros chineses, especialmente da montadora BYD.
Enquanto algumas pessoas comemoram a chegada de novas tecnologias e opções de veículos, outras estão preocupadas com os impactos na indústria brasileira. A quantidade crescente de carros chineses levanta discussões sobre empregos, impostos e o futuro da produção nacional. O que isso significa para o Brasil?
A BYD, uma grande empresa chinesa de carros elétricos, tem ganhado terreno no Brasil rapidamente. Em 2024, foram quatro remessas de veículos, totalizando cerca de 22 mil unidades. Isso coloca o Brasil como um foco estratégico da montadora, aumentando a procura por carros eletrificados.
Apesar do interesse por tecnologia e economia, a indústria local teme que a produção nacional possa desacelerar. Os carros chineses têm preços competitivos e recebem incentivos fiscais, o que ajuda a aumentar sua participação no mercado.
Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, as importações do Brasil devem crescer quase 40% até o final do ano, atingindo 200 mil veículos — o que representa cerca de 8% das vendas de carros leves no país.
Diante desse cenário, líderes sindicais e da indústria pedem ao governo para aumentar o imposto de importação de 10% para 35%. A ideia é proteger a produção nacional e estimular a construção de fábricas, evitando uma maior dependência de montadoras estrangeiras.
Em 2023, a BYD anunciou a compra da antiga fábrica da Ford em Camaçari, na Bahia, com planos de iniciar a produção local. No entanto, investigações de abusos trabalhistas atrasaram esses planos, adiando o início da produção para dezembro de 2026.
Essa situação gera preocupação entre os representantes do setor. Eles temem que a empresa priorize exportações em vez de se comprometer com a fabricação no Brasil e a criação de empregos locais.
Ainda não há indícios claros de que a montadora está desenvolvendo uma rede de fornecedores nacionais para sua nova fábrica, algo que seria esperado para um projeto que deveria estar em andamento.
Enquanto isso, outras montadoras chinesas, como a GWM, também enfrentam dificuldades para iniciar suas operações no Brasil. O governo está observando atentamente, tentando equilibrar a necessidade de avançar na eletrificação com a urgência de proteger a indústria local.
O Brasil enfrenta um dilema: deseja avançar na transição energética e se tornar um exemplo em sustentabilidade, mas precisa garantir que isso não prejudique a indústria nacional. Nesse cenário, os carros elétricos chineses, que são baratos e eficientes, já dominam o mercado.
Mais de 80% dos carros elétricos vendidos no Brasil vêm da China. Apesar de o país ter recursos minerais e uma indústria automobilística estabelecida, ainda falta infraestrutura para a produção de componentes essenciais, como baterias.
Enquanto os produtos chineses dominam toda a cadeia produtiva, o Brasil ainda está começando a desenvolver um ecossistema industrial voltado para veículos elétricos. Há esperanças em projetos como o da GWM, que planeja produzir o modelo Haval H6 e já negocia com fornecedores brasileiros.
Contudo, o país precisa agir rapidamente para garantir um equilíbrio. O futuro dos carros elétricos pode ser promissor, mas isso deve ser construído com um compromisso nacional e não apenas com a importação de peças de outras potências.